Trechos do livro Vidas Secas de Graciliano Ramos, em narrativa . Neles observamos o processo de aridez na caatinga, e a sua formação adaptada a região semi-árida, como o conhecido mandacaru ( cactáceas). A fauna, a flora, a caatinga, e principalmente a cachorra Baleia e os humanos sobrevivem sob o sol vermelho, o solo raso e assolado pela seca, tendo Fabiano como o retrato do homem que sofre e vive as tristes facetas da realidade nordestina e brasileira.
"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco (...) Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano Sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro.
A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso.
E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança
Os mandacarus e os alastrados vestiam a campina, espinho, só espinho.
A manhã, sem pássaro, sem folhas e sem vento, progredia num silêncio de morte. Sinhá Vitória precisava falar. Se ficasse calada, seria como um pé de mandacaru, secando, morrendo."
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